Menestrel Cibernético

Monday, March 16, 2009


"O lENDÁRIO DRAGÃO DE FOGO DO MEU CORAÇÃO DE MENINO" -
Minha lealdade devo a um lugar, um passado, a cidade onde nasci, cresci e amei... a familia, aos amigos, aos mestres que me iluminaram, rios e lagos onde me banhei, caminhos por onde passei, (o primeiro tombo de bicicleta, filho da mãe, como chorei),. Rabeiras de caminhão peguei, em dorsos de cavlo montei, mas, meu coração de menino, se apaixonou pelo trem. O trem de passageiros, da família e forasteiros, do caixeiro viajante, do militar fardado, do poeta cantante, do namorado e amante... Dos janótas grã-finos que se reverenciavam e o chapéu com elegancia tiravam. La Belle-Époque do romantismo puro e belo, no tempo do Trem das Estradas de Ferro !!!
Das potentes locomotivas a vapor da Henschel & Sohn, o grande e lendário dragão de fogo do meu coração de menino. Assim eu as conhecia. Das suas entranhas ardentes golfavam densos rolos de fumaça, como baforadas de um cachimbo gigante, esfumando anéis no azul límpido dos céus. Do silvo estridente do seu apito dissipando-se na monotonia das retas tediosas ou na parábola elegante das suas curvas assimétricas. Era fantástico ver o trem de ferro serpenteando pelos caminhos de aço reluzente, subindo e descendo montes, furando montanhas, atravessando rios e matas densas, cortando cidades inteiras...
Da gare da estação ao pátio das manóbras conhecia todo mundo. O chefe do trem, maquinistas, foguistas, manobristas, truqueiros, o chefe da estalçao, conferentes e despachantes, bilheteiros, porteiros, carteiros e telegrafistas... Amei intensamente toda aquela gente. Meu pai, meu herói, ternura humana, honrado e orgulhoso ferroviário era também. Adorava ve-lo em seu marcial uniforme e boné com galões dourados, desfilando em meio ao aglomerado na plataforma de embarque. O mundo vivia a 2a grande guerra mundial e os militares exerciam intenso fascinio entre as mulheres. Só mais tarde viria entender o assédio feminino a papai, sua elegancia e porte másculo, o olhar languido das mulheres e as broncas dos cavalheiros enciumados... Tudo era novidade para a mente e o coração daquele menino que, embora nãio entendendo todas as coisas, sabia que gostava daquele mundo dos adultos, tanto quanto do seu mundo de criança, sem jamais ter de renunciar a nenhum deles...
Mas papai não viveria o tempo e a tristeza do funeral das estações abandonadas, se decompondo, dos trilhos arrancados da linha depois da ultima composição trafegar. Na distante década dos anos quarenta, embarcou num dos trens que amou durante toda sua vida, para uma estação chamada "CÉU" ... (assim partiam todos que amavam a ferrovia)
Naquele dia, um menino não foi visto correndo entre os vagões, alegre, feliz, saltitante como EU fazia. Os trens não apitaram, emudeceram-se os pássaros... A noite fria vestiu seu manto de luto escuro, enquanto lágrimas de uma chuva fina, molhava o aço quente e reluzente dos trilhos e a face triste e chorosa daquele menino, órfçao do ferroviário. Era tambem o que mais tarde seria um adeus ao trem de passageiros, a colonia da romantica estação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e da minha LINS antiga. Hoje não mais existe a emoção nas chegadas e nem o adeus das partidas... O Grande e lendário Dragão de Fogo do meu Coração de Menino, fizera sua ultima parada, na estação de nome "SAUDADES" !!!

0 Comments:

Post a Comment

<< Home